Síndrome do edifício doente (Sick Building Syndrome)

Alguma vez aconteceu, ou está a acontecer ter sensação de fadiga, dores de cabeça, dificuldade de concentração, dificuldade em focar, tontura e náusea quando passa muito tempo num edifício? (Pode ser o local de trabalho ou casa.) Simplesmente para estes sintomas desaparecerem quando deixa estes mesmos espaços?

A causa pode ser mais complexa do que o que pensa.

Para clarificar. Não se trata de ficar com dor de cabeça e sensação de esgotado quando aquele colega de trabalho com sentido de humor incompreensível e completo desrespeito por normas sociais entra. Nem quando o/a companheiro/a de casa está presente. Nestes casos citados talvez seja preciso rever co-dependência, estabelecer limites, e em alguns casos acabar com uma relação que já morreu há muito mas está movida pelo habito. Factores psicológicos podem causar essas manifestações, mas não são essas origens as que vou explorar aqui.

Síndrome do edifício doente descreve uma situação em que ocupantes de um imóvel manifestam condições de saúde que podem ser mais ou menos agudas, mas que uma doença especifica não é necessariamente identificada. Além dos sintomas descritos no primeiro paragrafo, pode também ocorrer irritação nos olhos, nariz e garganta, pele seca e comichão, e por fim infecções respiratórias recorrentes entre outros.

A qualidade do ar interior tem recebido atenção crescente nas ultimas duas décadas devido a problemas de saúde. O que se averiguou é que por um lado o numero de mortes directo por poluentes como querosene, gás e monóxido de carbono ter diminuído existem outros poluentes e agentes que estão a aumentar.

Segundo Our World In Data, o numero de mortes em Portugal causadas directamente por poluição de ar interior desceu de 587 em 1990 para 34 em 2019, uma óptima melhoria. Vamos almejar o zero. Mas em Portugal o cancro do pulmão é o cancro com a taxa de mortalidade mais elevada e o terceiro tipo de tumor mais diagnosticado. E novamente um motivo de estudos e atenção.

Cancro de pulmão está relacionado com o Síndrome do edifício doente? Mais estudos devem ser efectuados. Já irei mencionar mais à frente.

Photo by Ellie Burgin on Pexels.com

Tivemos em Portugal alguns casos de Legionella há uns anos atrás em hospitais e edifícios empresariais, e, há alergias a ficar mais reactivas com o uso de ares condicionados que dispersam poeras e ácaros que muitas vezes se acumulam nos filtros desses aparelhos.

Factores de risco do Síndrome do edifício doente:

Contaminantes biológicos: bolores, mofo, bactérias, pólen ou mesmo vírus que podem afectar o sistema respiratório.

Contaminantes químicos com origem interna: estes podem ser devido aos materiais usados na construção, muitas vezes combustíveis e voláteis ou partículas respiráveis. Além disso um crescente uso de tintas impermeáveis só impede o “respirar” dos materiais, uma maior acumulação de humidade e pode por isso aumentar a proliferação dos contaminantes biológicos citados previamente, bem como gazes que podem ser potencialmente nocivos.

Contaminantes químicos de origem externa: nesta categoria podem estar possíveis gazes de combustão de veículos na proximidade, ou exaustão de cozinhas por exemplo. Está também o radão, um gás radiactivo, que é libertado naturalmente do solo e rochas produto da deterioração do urânio. O radão é invisível, não tem cheiro e é uma das principais causas de cancro do pulmão entre não fumadores.
Mais informações aqui.

Ventilação inadequada: falta de ventilação viabiliza o acumular e potencializa todos os anteriores.

Radiação electromagnética: como microondas ou sistemas eléctricos deficientes podem ionizar o ar e contribuir para os sintomas em pessoas mais sensíveis.

Iluminação deficiente e ausência de luz solar: podem contribuir para os sintomas a curto prazo, mas não para os cumulativos.

Assim o Síndrome do edifício doente pode albergar muitos sintomas, alguns mais agudos outros crónicos. Alguns a curto e outros a longo prazo.

Prevenção e/ou resolução: a solução pode passar por uma combinação dos seguintes.

Remoção da origem do poluente: por exemplo procurar e limpar fungos, filtros, abster de fumar no interior, não armazenar produtos químicos em zonas habitadas ou frequentadas. Não ocupar um espaço imediatamente depois de obras ou renovações, mas deixar arejar.

Aumentar ventilação: instalar ventilação, exaustão, ou simplesmente abrir as janelas para o exterior

Purificar o ar: a purificação pode ser conseguida com aparelhos ou com plantas de interior. Há uma vasta variedade de opções.

Fazer pausas: se no trabalho.

É importante detectar estas condições de risco e altera-las.

No próximo artigo vou desenvolver um destes factores e no seguinte dar uma possível solução.

  1. Desconhecida's avatar

    […] seguimento do artigo anterior: Síndrome do edifício doente (Sick Building Syndrome) vou neste explorar um dos factores nele […]

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  2. Desconhecida's avatar

    […] A porosidade permite que a casa respire. Não acumula gazes no interior como acontece com materiais ou tintas impermeáveis. Não criando condições para a retenção de Radão falado num artigo anterior, ou outras doenças como o Síndrome do edifício doente. […]

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